Ipsis Litteris

Revisão de textos



sábado, 29 de janeiro de 2011

Metrô em Uberlândia – conversinha tuitada

@CorreioOnline: Weliton Prado quer metrô para Uberlândia http://bit.ly/hs4qYK

@victormariottop: @CorreioOnline Metrô pra quê? Por que não melhorar o transporte público já existente? Ou ele crê que não haja o que melhorar?

@hchedid: @victormariottop Se nem os ônibus funcionam direito... imagine o metrô?!

@victormariottop: @hchedid há momentos que eu prefiro nem imaginar, pra não perder a vontade de viver...

@hchedid: @victormariottop ahahaha Um trem-bala (Araguari-Uberlândia) eu até aceitaria ahahahahah mas o metrô não!! kkkkk [@victormariottop Favorite + RT]

@hchedid: @victormariottop Mas... brincadeiras a parte, acho que o transporte público em Udia tem q melhorar...é um absurdo.

@victormariottop: @hchedid faltam linhas, carros, viagens. Ir do Central para o Umuarama é uma loucura. Às vezes espero 3 ou 4 carros, pra poder entrar também

@hchedid: @victormariottop Sim! Pior eu q tenho que i p Ipanema. Saio do central e sigo p Umuaram e dps Ipanema... é +demorado q ir p Araguari.

@hchedid: @victormariottop Isso porque quando a gente dá "sorte" do onibus do Ipanema estar no terminal ele tem que permanecer lá p pelo menos 20 min.

@victormariottop: @hchedid Nuuuu! Credo! E todo ano reajusta-se o valor do passe, mas não o serviço oferecido. É revoltante! Abaixo ao metrô do Prado!

@hchedid: @victormariottop E como vc falou, ainda temos q enfrentar os ônibus lotados... em alguns horários é impraticável.

@hchedid: @victormariottop ahahahaha é --> Abaixo o metrô do Prado!! Por um transporte público mais digno em Uberlândia! [@victormariottop Favorite + RT]

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

A revisão textual em tuítes – 1ª compilação

Num quimérico esforço de reunir apenas os meu próprios tuítes honrosamente dedicados à divulgação dos meandros e de curiosidades da nossa querida e pretensa última flor do Lácio, publico a primeira de vindouras compilações que  prometem dinamizar e otimizar o conteúdo para aqueles que de pouco tempo dispõem para o acompanhamento diário in loco de tuítes.

  1. Sabe o que é composição por aglutinação? Assista, então, à abertura de "Afinal, o que querem as mulheres?" 28 nov
  2. 'onde' refere-se única e exclusivamente a lugar. Na dúvida, opte por 'em que'. 28 nov
  3. Não use nunca crase antes de nomes masculinos, exceto em referência à 'maneira de': vestir-se à David Backham. 29 nov
  4. Sabia que o pneumoultramicroscopicossilicovulcanoconiótico é quem sofre de pneumoultramicroscopicossilicovulcanoconiose?! 30 nov
  5. Aspas somente para marcar ironia no texto. Para dar destaque a palavras ou frases, utilize itálico ou negrito, criteriosamente definidos. 1º dez
  6. Novas regras: EI e OI tônicos em ditongos e OO e EE perderam o acento: ideia, heroico, sobrevoo, creem, leem, deem veem #revisao. 2 dez
  7. Sinta-se à vontade para aportuguesar derivados de Twitter: tuitar, retuitar, tuitada #revisao. 2 dez
  8. Use 'através' como sinônimo de 'pelo interior de'. Na dúvida, use 'pelo', 'mediante', 'por intermédio de', 'com o auxílio de'. #revisao. 3 dez
  9. Evite usar 'junto com', expressão redundante. Em seu lugar, use 'e', mais simples e objetivo. 9 dez
  10. Evite ‘como’, ‘por exemplo’, ‘entre outros’ e ‘etc.’ na mesma frase. Porque são sinônimos, o uso conjunto é desnecessariamente redundante. 10 dez

to be continued

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

De livrilmes e filmivros

Adoro filmes, mas livros, eu simplesmente os amo. A verdade é que cada um deles tem a sua linguagem, ímpar, incomparável e inconfundível.

Livro é o exercício da criatividade, da imaginação (do autor e muito mais do leitor). Quando leio, viajo. E ja fui aos lugares mais insólitos que possa haver, como a Molvânia e o Phaic Tan (conhece? Vá lá, então!), em mundos fictícios e, por vezes, factuais (como é tênue a fronteira entre real e imaginação!). Certa vez fui ao inferno, acompanhado de Virgílio. Já fui até a mim mesmo, mas eu não estava em casa na época…

Quantos seres já conheci! Uma miríade, eu diria. São gentes, são bichos, são criaturas obstinadamente diversas, que moram em minhas estantes e vagueiam pelas minhas ideias. E quantos ofícios já aprendi! Já fui cavaleiro (pode acreditar: estive sentado ao lado de Arthur em sua famígera távola redonda), poeta, pirata, médico, cientista, astronauta, dançarina, cortesã, detetive, mocinho, bandido e por aí vai.

A leitura proporciona um tal grau de intimidade com o mundo daquelas palavras, que elas e ele passam a ser meus, em mim – segundo Sartre, “a leitura é criação dirigida. […] o objeto literário não tem outra substância a não ser a subjetividade do leitor” (SARTRE, O que é literatura?, 1989, p. 38).

O filme, ao contrário, não consegue suspender a distância entre o espectador e a tela, por maior que seja o ecrã. A história já está pronta, basta servir-se. Se o cinema é mágico, o é devido a recursos tecnológicos, como as dimensões da tela e a altura do som – já reparou que balançamos o corpo, numa tentativa de dança, quando uma música toca muito alto à nossa volta, ainda que não gostemos dessa música? É um efeito quase involuntário.

Mas o trunfo mesmo do filme – e do cinema, por extensão, – são os efeitos especiais. Esse conjunto de sensações visuais e auditivas dá ensejo aos desejos de uma equipe de criação (não aos meus) e possibilitam existência a lugares, seres e fatos que, até então, pulsavam latentes em mil cabeças criativas.

E quando me sento à frente de uma tela para assitir a um filme, quando disponibilizo parte de meu tempo e do meu mundo à concretização do projeto de um Peter Jackson, um Tarantino, um Kubrick ou um Pasolini, sentam-se comigo minha Erlebnis e a liberdade de aceitar tal projeto – e lhe dar continuidade – ou recusá-lo (Sarte outra vez). Na tela, projeta-se não somente a película. Há ali impressas expectativas em relação à produção que ora se confirmam, ora se refutam.

Essa experiência é mais fortemente sentida quando o projeto cinematográfico tem como base um livro ou a vida de uma personalidade. Cobra-se muito uma transposição fidedigna, o que nem sempre é possível, pois, como dito anteriormente, trabalham-se linguagens diferentes. Acrescentem-se a intenção da equipe de criação e a proposta com que é concebida a produção, além, claro, das ditas expectativas.

Por outro lado, quando leio, sou eu o ator, o diretor, a equipe de som, de edição, de efeitos especiais (e quem/o que mais for nercessário) de um filme que se passa em minha cabeça. Sou eu quem define a emoção dada a uma fala, a intensidade das cores do cenário, a firmeza dos traços do personnage. Entretanto nem sempre a minha criação coincide com a de Peter Jackson e cia. – ora a minha me parece melhor, ora a deles.

Recentemente tenho visitado e revisitado insistentemente a Terra Média. Tolkien tem-me sido um vício e uma ambição desde o primeiro momento em que fomos apresentados. A capacidade inventiva desse britânico nascido na África do Sul é-me peremptoriamente fascinante.

Mas devo confessar que alguns – e são poucos – episódios da saga do anel em O Senho dos Anéis ficaram muito mais bem representados cinematograficamente do que no livro ou mesmo em minha própria produção, como a investida dos Espectros do Anel à Comitiva de Anel no Topo dos Ventos. Agora, certamente eu também escalaria Ian McKellen e Kate Blanchet para os papéis de Gandalf e Galadriel, respectivamente (espero que também sejam eles a interpretar esses personagens no vindouro O Hobbit).

Acredito, portanto, que filme e livro não sejam substituíveis entre si, visto serem linguagens distintas e mobilizarem estratégias de apreensão próprias, mas possam, sim, ser complementares e promover profícuas intertextualidades.

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Abba – algumas considerações

Há alguns dias, minha irmã mais velha assistiu ao espetáculo Mama Mia!, em São Paulo, e ficou extasiadíssima. Bem, ela não gosta de Abba, pelo menos não gostava, até ver o musical. Resolvi, então, revisitar o grupo sueco em minha audioteca.

Um feliz reencontro. São músicas muito divertidas, baladinhas gostosas de dançar, como a disco music em si, pela qual sou absolutamente fascinado – eu queria ter nascido pelo menos uns 15 anos antes de quando realmente nasci e vivido in actu a curtíssima efervescência disco.

No entanto, enquanto a Apple não divulga um app para o iPhone que me transporte para o começo da década de 1980, posso divagar nas lembranças dos que viveram a época – memórias registradas nas palavras de alguns amigos, em filmes, como The Last Days of Disco e Studio 54 (ambos de 1998), e em músicas como as do Abba.

E, como cada novo encontro com a mesma coisa revela novas perspectivas, até então não havia percebido como muitas músicas do Abba – e também da disco – são sexualizadas.

Não falo de uma sensualidade tímida, soft, um tempero na paquera, como em People need love (“Flowers in a desert need a drop of rain/like a woman needs her man”). Até mesmo a batalha de Waterloo, em Waterloo, ganha conotoções amorosas e, no que depender de anedotas brasileiras relativas a essa batalha, sexuais: diz-se por aí que Napoleão perdeu a guerra “de 4”– a História confirma: a França foi derrotada na referida batalha por quatro nações (Áustria, Holanda, Inglaterra e Prússia).

Em Dancing Queen, uma garota sedutora, em seus 17 anos, sai pelas noites de sexta à procura de diversão e brinca com a libido dos rapazes:

You're a teaser, you turn them on
Leave them burning and then you're gone
Looking out for another, anyone will do

Outra jovem garota (quem sabe se não a mesma) também inquieta os rapazes em Does your mother know? (a minha preferida e a meu ver a mais divertida) e parece estar numa discoteca sem o consentimento da mãe. Coisas de adolescentes…

And I can chat with you baby
Flirt a little maybe
Does your mother know that you're out?

Frenética, ansiosa, talvez até alucinada, deixa o rapaz desconcertado

But you seem pretty young to be searching                             for that kind of fun
So maybe I'm not the one

Mas a coisa fica mais direta em Voulez-vous?. Numa primeira leitura, tem-se apenas um convite para dança. No entanto, a maneira provocante como o eu lírico ambienta a cena autoriza interpretações outras, como o sexo sem compromisso. Além do mais, a dança pode ser vista como uma forma de sedução, um ritual de acasalamento. E o verso em francês confere mais sensualidade ao convite.

Voulez-vous?
Take it now or leave it
Now is all we get
Nothing promised, no regrets
Voulez-vous?
Ain't no big decision
You know what to do
La question c'est “voulez-vous?”

E, finalmente, o pedido é abertamente feito em Gimme! Gimme! Gimme!. O vazio do apartamento e das ruas levam o eu lírico a pedir insistentemente um homem (atesta o subtítulo da faixa, a man after midnight) que ajude a repelir as sombras e aproveitar melhor a madrugada:

Gimme, gimme, gimme a man after midnight
Won't somebody help me chase the shadows away
Gimme, gimme, gimme a man after midnight
Take me through the darkness to the break of the day

Obviamente, Abba não é somente sexo. Outras músicas dos suecos desenvolvem esse tema, mas também cantam a amizade, o amor, o rompimento amoroso, a fama, o conforto que o dinheiro proporciona. Bom, acho que já é hora de ouvir mais um pouco dessas músicas!

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Música, sexo e tempestade

A banda estado-unidense 30 Seconds to Mars ainda está com o pé na estrada divulgando seu mais recente trabalho, This is war (2009), e fazendo muito show. Mas show mesmo está o videoclipe da 6ª faixa do álbum, Hurricane. Inicialmente, a faixa foi engendrada em parceria com o rapper também estado-unidense Kanye West, mas questões jurídicas procastinaram a divulgação dessa versão para 2010, quando do lançamento da edição deluxe do álbum.

No videoclipe de Hurricane também não aparecem os vocais do rapper, e óbices outros dificultam sua divulgação na televisão, especialmente. Não é por menos: cenas violentas de sadomasoquismo dão lardo a uma sequência quase surreal de perseguição e fuga.

À parte toda a polêmica, o videoclipe, um thriller de cerca de 13 minutos, foi concebido como um longa-metragem: no início, apresenta-se o nome da produtora (Sisyphus), do diretor (Bartholomew Cubbins, que, na realidade, é pseudonimo de Jared Leto, o vocalista da banda) e dos atores, os integrantes da 30 Seconds to Mars – Tomo Milicevic e os irmãos Leto.

Os nomes podem revelar detalhes do que está por vir. Na mitologia greco-romana, Sisifo é sinônimo de tarefa contínua, em eterno recomeço: em uma das versões do mito, Sísifo é condenado por Zeus a empurrar, eternamente, para o alto de uma montanha, uma enorme pedra, que, uma vez lá em cima, tornava a rolar para baixo, reiniciando o trabalho do condenado.

Bartholomew Cubbins, por sua vez, é personagem de dois livros infantis da autoria de Dr. Seuss. Em um deles, The 500 Hats of Bartholomew Cubbins (1938), Bartholomew, um garoto pobre dos tempos feudais, ao tirar o chapéu, em reverência ao rei de Didd, que à sua frente passava, é surpreendido por outro chapéu, mais bonito que o primeiro, que misteriosamente aparece em sua cabeça. Outros 498 chapéus aparecem, um a um, da mesma forma.

Ambos os personagens, Sísifo e Bartholomew, reforçam a ideia cíclica e contínua da busca/fuga do prazer erótico apresentada no curta-metragem em pauta, que se divide em três partes. Segue-se uma síntese:

Chapter 1 – Birth marca uma tempestade noturna em formação nos céus de Manhattan e instaura o desafio de cada personagem, ao som de Escape, a 1ª faixa do álbum.

Chapter 2 – Life desenvolve os temas relativos ao sadomasoquismo e também alguns elementos enigmáticos, como a chave atada a uma fita vermelha. Símbolos tatuados na pele ganham dimensões transdérmicas. Ouve-se outra faixa do álbum, a 2ª, Night of the Hunter.

Chapter 3 – Death põe fim às perseguições, mas não resolve os enigmas apresentados, o que, do ponto de vista discursivo, deixa a produção mais instigante, possibilitando diversas leituras e leituras diversas. Vozes femininas em francês e espanhol corroboram a atmosfera erótica.

Ainda que o título da música sugira, nenhum furacão literalmente aparece no videoclipe, mas faz referência à turbulência sexual-emocional em que os personagens se envolvem.

O polêmico videoclipe (e sua versão mais “light”) pode ser conferido no site oficial da banda: http://bit.ly/dxsQu3.

Jared Leto, além de vocalista da 30 Seconds to Mars, é ator(http://imdb.to/h9gQ4). Entre as produções cinematográficas  em que atuou estão Garota, Interrompida (1999), Clube da Luta (1999), Réquiem para um Sonho (2000) e O Quarto do Pânico (2002).

sábado, 1 de janeiro de 2011

Haicai no Réveillon

Para começar o ano, um singelo haicai que escrevi em 27/07/2000, há muito esquecido na poeira do tempo.

 

Fim da primavera

Brisa e luz e cantos.

Vai-se, então, meu grand’amor.

Finda a primavera.

 

A título de informação, haicai, ou haikai, é uma forma de poesia japonesa do século 16 composta de três versos – o primeiro e o terceiro contam cinco sílabas poéticas, e o segundo, sete –, cujo tema geralmente é a natureza (ou as estações do ano).

Feliz ano-novo!