Ipsis Litteris

Revisão de textos



sábado, 5 de fevereiro de 2011

Fim.

Eu bato o portão sem fazer alarde
Eu levo a carteira de identidade
Uma saideira, muita saudade
E a leve impressão de que já vou tarde

(Chico Buarque – Trocando em miúdos)

É mister reconhecer que acabou. Simplesmente acabou. Pra que continuarmos fingindo que tudo está bem, quando sabemos que não está. Mas saio de cara limpa e consciência tranquila, na certeza de que fiz até mais do que podia, mais que o necessário, mais que a minha parte. E não, eu nao falhei. Se houvesse mesmo culpa, a mim não caberia. Mas não há culpa, há sim responsabilidade, e a que a mim cabe assumi solenemente, sem pestanejar. E não, eu nao falhei. Fui fiel a nós, mas mais a mim mesmo, ao que sou, ao nome que paciente comigo trago desde que nasci – vencedor.

Gozamos todos de livre-arbítrio. Você fez uso do seu. Que posso eu, senão respeitá-lo? Dizem que quando um não quer, dois não brigam. Verdade absoluta! Por que haveria eu de querer suplantar vontades, tiranizá-las? Eu não quereria o poder sobre todos os livres-arbítrios. Eu não quereria a responsabilidade sobre a felicidade alheia. Eu queria, sim, ser parte da sua felicidade. Via de mão única: não vou tomá-la – talvez eu não tenha tempo hábil de engatar ré e me esquivar de uma rua, quiçá um beco, sem saída.

Mas não vou correu sozinho o caminha que devia ser de dois nem vou (mais) me torturar pondo em minhas débeis costas a responsabilidade que a mim não cabe. Ponhamos as cartas na mesa e em pratos limpos. Acabou.

Um comentário:

Rubs disse...

Hum... Quando o caríssimo tiver algum tempo e certa disposição, leia o "Fedro". Há, ali, algo eternamente dito sobre princípios tirânicos.