Ipsis Litteris

Revisão de textos



quinta-feira, 15 de julho de 2010

Eu também!

Julieta: Oh, Romeu! Eu te amo!

Romeu: Eu também, Julieta!

Uma patética cena de amor... Patética pode até ser, mas amor? Tenho dúvidas. Pelo menos da parte de Romeu (rsrs). É aquele 'também' que gera minha desconfiança quanto aos sentimentos de Romeu. Ora, o singelo advérbio expressa condição de equivalência/similitude. Em

A: Gosto de morango

B: Eu também (gosto de morango),

o objeto do gosto de B é equivalente, similar ao do gosto de A, ou seja, morango. Aplicando-se o mesmo raciocínio à resposta de Romeu, temos:

J: Oh, Romeu! Eu te (Romeu) amo!

R: Eu também (amo Romeu, digo, eu mesmo), Julieta!

No diálogo (A-B), 'também' faz referência a um terceiro elemento, que não coincide com nenhum dos interlocutores, diferentemente do diálogo (J-R), em que não há esse terceiro elemento, e o exagerado amor-próprio, o egoísmo, a vaidade, a imodéstia, a soberba e a autofilia de Romeu são mascarados justamente pelo singelo advérbio.

Muita atenção quando ouvir um rápido "eu também" como resposta ao seu "eu te amo", há um ébrio aroma de egoísmo no ar...

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