Ipsis Litteris

Revisão de textos



quarta-feira, 9 de março de 2011

Harry Potter: um velho recurso para uma nova história

Finalmente, terminei de ler a série Harry Potter. Agora já posso assistir ao primeiro filme relativo ao último livro da série (procuro ser sempre fiel ao compromisso de, primeiramente, ler o livro cuja história tenha sido transposta para a sétima arte).

No entanto, a má impressão que tinha do personagem homônimo não se desfez. Ao contrário, foi corroborada até a última página. Harry era e continuou sendo um aluno desleixado, completamente dependente dos amigos para se safar das aporias que ele próprio criava para si. Hermione é o cérebro de toda a operação. Até mesmo o pusilânime Rony tem importante função de conter os ímpetos do protagonista.

Deus ex machina

Cada volume da saga Harry Potter empregou largamente um técnica dramatúrgica característica do teatro grego clássico, o deus ex machina, que se refere ao inesperado aparecimento de um objeto ou uma personagem que desembaralha a trama, quando chega a uma aporia.

No teatro grego muitas peças que terminavam com um deus sendo literalmente baixado por um guindaste até o local da encenação. Esse deus então amarrava todas as pontas soltas da história.

De fato, acredito que a série Potter tenha-se utilizado do recurso deus ex machina tanto quanto Eurípedes o fez em suas tragédias, o que, talvez, pudesse macular a criatividade da autora, J. K. Rowling (www.jkrowling.com). J. R. R. Tolkien valeu-se também do dispositivo grego em seu longo Senhor dos Anéis. Mas acho que esse não seja o caso, pois Harry Potter e as Relíquias da Morte me seduziu de tal forma, que o devorei em praticamente 3 dias (até me esqueci que ainda tenho uma dívida de leitor com a Terra Média).

Os diversos mistérios que vão surgindo ao longo da caçada às Horcruxes e os arremates para dar coesão aos 7 livros da série me deixam extremamente curioso em saber se a autora já tinha em mente, desde o primeiro livro, o fim de sua longa história. Acredito que, em parte, sim. Pelo menos a intriga que se forma acerda da moral de Dumbledore e os conflitos daí decorrentes já deviam ter sido esboçados com bastante antecedência. Ela é realmente uma escritora fantástica mesmo e soube trabalhar magistralmente o elemento contingente inerente à sua criação.

Enfim, o fim?

Que fim levou a Pedra da Ressurreição? Essa é uma das incôgnitas que ainda pairam nos ares mágicos de Hogwarts.

Agora é não deixar a peteca cair, para que os livros posteriores – e eles hão de vir, tomara! – não se limitem a reinventar a mesma história nem a enfadonhamente prolongar o que – parece – já está muito bem estabelecido.

2 comentários:

Unknown disse...

Adorei o livro também, sou suspeito.
Super filósoficos os comentários, o legal é que o Aristóteles não privelegia esse recurso ao enfatizar a tragédia grega como geradora de catarse purificadora, pois no Édipo, por exemplo, tudo é necessário e verossimilhante. Coisa que o HARRY nunca foi e por isso eu adoro rsrsrs.
Uhm viu a entrevista da Rowling para ela Dumbledore é gay rsrsr, e sempre achei que Draco e Harry que eram do S do GLS rsrsrs.
Saudades

Unknown disse...

Jovi! Que bom recebê-lo neste meu cantinho! Não deixe de enriquecer meu mundo de mim com suas visitas. Agora, que Draco tem uma paixão platônica mal resolvida pelo Cabeludo, digo, Harry, é patente. Aquela marra toda só pode ser rejeição amorosa! (rs). E convenhamos, Dumbledore tem toda uma trajetória de vida esteriotipada de um gay recalcado. Enfim, o que importa é que o último livro da saga é realmente empolgante, não?! Meu amigo, aquele abraço. Aguardo mais comentários seus!